Bruce Wayne (feat. Zed)

de Diego Pallavas

Escondi no escuro o que ninguém podia ver
Carreguei sozinho o peso que ninguém quis entender
A infância foi silêncio, um segredo sufocado
Fiz da pele um esconderijo, fiz do toque um fardo

E a sociedade fecha os olhos, finge não enxergar
Diz que é só fraqueza, manda punir, manda calar
Mas dentro dessa carne mora um grito sem perdão
Eu sangrei sozinho, implorando salvação

Quem vai me ouvir? Quem vai segurar minha mão?
Quando o vício é mais profundo que a prisão?
Quando abrir a ferida é o começo de tentar
Cicatrizar meu peito, aprender a respirar

Um dia eu encontrei outros como eu
Cada voz um espelho que me fortaleceu
Aprendi que minha história não precisa me prender
Que eu não sou só a luxúria, eu ainda posso renascer

A dor partilhada é metade do caminho
A vergonha dividida já não mora sozinha
E se hoje eu me levanto, é porque alguém me escutou
Eu sou todos, eu sou cada um que se libertou

Quem vai me ouvir? Quem vai segurar minha mão?
Quando o vício é mais profundo que a prisão?
Quando abrir a ferida é o começo de tentar
Cicatrizar meu peito, aprender a respirar

Sem nome, sem rosto, sem idade, sem fronteira
Essa dor é de todos, é de quem ainda espera
Que o mundo não nos julgue, mas aprenda a acolher
Que falar é mais coragem do que se esconder

Então me ouve, me ouve: Eu não tô aqui pra acusar
Eu tô aqui pra dizer: Tem jeito de mudar
Quando eu caí de joelhos, eu encontrei minha voz
E agora eu sou milhões, cantando por nós

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