Bambi

de Diego Pallavas

Eu escondi tão fundo, lá atrás no meu quarto
As vozes cortando, rindo de mim no pátio
Cresci calando gritos, calando a dor no peito
E fiz da luxúria um jeito de enterrar defeitos

Sozinho na infância, sujo de culpa e medo
Olhares que julgam, ninguém sabe o segredo
E eu me deito em sombras, coleciono pecados
Na esperança vazia de ser perdoado

E ninguém pra me ouvir, ninguém pra me guiar
Carreguei o vício na carne, só pra não lembrar
Mas a lembrança queima, quando a verdade vem
Eu tô à beira do abismo, sem saber de ninguém

Mas eu grito, eu grito: Alguém pode me salvar?
Desse ciclo sujo que insiste em me arrastar
Quando eu caí de joelhos, eu ouvi uma canção
De quem sangrou igual a mim, e estendeu a mão

No círculo de vozes, cada um é espelho
Contando suas quedas, levantando do joelho
Uns viveram infernos que eu nem pude sonhar
Mas me deram coragem pra tentar me curar

Um abraço sem culpa, um olhar de verdade
Um caminho de volta pra minha metade
Eu vejo nos olhos, não tô mais sozinho
Eu vejo esperança brotando no caminho

E eu entendo o peso, entendo a prisão
O vício que cresce na escuridão
Mas eu não sou só isso – eu sou mais também
Eu sou quem escolhe não morrer refém

Então eu grito, eu grito: Alguém pode me salvar?
Dessa culpa antiga que insiste em me calar
Quando eu caí de joelhos, eu ouvi uma canção
De quem sangrou igual a mim – e estendeu a mão

Eu não sei se amanhã vai me deixar em paz
Eu não sei se essa dor vai me soltar jamais
Mas agora eu vejo uma luz, uma chance
Eu não sou só luxúria, eu sou esperança

Então eu grito, eu grito: Eu aprendi a perdoar
Essa criança ferida que só quis se esconder
Quando eu caí de joelhos, eu ouvi meu coração
Dizendo: Agora é tua hora de viver, então levanta, irmão!

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